7 de janeiro de 2010

Cinema é a maior diversão!

Ontem lutei contra a preguiça que se abate sobre mim nesses dias de calor infernal e úmido e resolvi ir ao cinema. Qualquer filme estava valendo, já que minha escolha de lazer se dava mais pela culpa em não ter visto tantos filmes que já saíram de cartaz, do que pela vontade em assistir essa ou aquela película específica. Acabei entrando no primeiro cinema que apareceu no percurso entre a Livraria da Travessa de Ipanema, onde estava, e a loja onde tinha que trocar um presente de Natal. E o filme em cartaz...ah, o filme foi, afinal, o verdadeiro e inesperado presente: "Procurando Elly", do iraniano Asghar Farhadi, que, aposto, concorrerá ao Oscar "estrangeiro".

E o melhor é que a cada vez que penso nele, mais eu gosto de sua simplicidade, da ausência de efeitos especiais, da câmera que deixa "a vida rolar", da história que começa devagarzinho e vai apresentando um país e um povo que absolutamente não nos deixam conhecer, a não ser por suas mazelas políticas e religiosas.

Ignorante total, me encontrei descobrindo que, afinal, existem seres humanos normais no Irã, gente! A julgar pelo que nos traz a mídia internacional, é de pasmar que nem só de Aiatolás e talibãs viva o mundo muçulmano. Imaginem só: eles tem turmas, filhos, namorados, alugam casas para um fim de semana, cozinham juntos, contam piadas, gargalham até. Não é incrível? Não andam pelas ruas com bombas na cintura, não levam suas mulheres pela coleira, não fazem lavagem cerebral em suas criancinhas. Um espanto.

E foi isso o que mais me apaixonou no filme: para além de uma história bem contada - se o início é leve e ingênuo, a partir do meio, quando do desaparecimento de Elly, se tranforma numa rede de tensões - para além de ótimos atores (destaque para Golshifteh Farahani, aquela que foi banida do Irã por ter participado de "Rede de Mentiras"), ele retrata costumes tão distintos dos nossos quanto o são, me permitam a analogia, o biquine fio dental e a burca, absolutamente diferentes e igualmente símbolos da submissão feminina.

Enfim, recomendo entusiásticamente. É uma delícia.
E vivas ao povo e ao cinema iraniano!