30 de julho de 2009

Vive la diference



Está rolando uma discussão interessante sobre "o que é o que não é racismo" a partir de um mensagem no twitter do Danilo Gentili, um dos men in black do programa-sensação CQC: ao assistir King Kong, lhe veio um insight sobre o fato do macaco em questão ser o "elo perdido" (essa interpretação é minha) dos jogadores de futebol, que, quando famosos, sempre acabam ficando com loiras.
Comentário exposto, um mar de indignação anti racista se levantou em ressaca das boas e o repórter in black se espantou (tadinho, tão ingênuo...).
Mas o que me interessa não é o Gentili, nem o King Kong, mas o bafafa que a toda hora um comentário desse tipo causa. E como essa onda de politicamente correto abafa a possibilidade do riso e da graça. E como causas justas, como a revolta dos negros perante o racismo que insiste em resistir, ficam submersas na irritante seriedade imposta, no "não-fale-assim-que-eles-podem-não-gostar".
E, pior ainda, como se "macaco" fosse necessariamente sinal de negritude. E, mesmo em sendo, constituir um sinal de desrespeito.
Francamente! Quantas vezes homens negros, brancos, mamelucos e todos mais não se referiram à determindas mulheres como "uma verdadeira potranca"? Nunca entendi muito bem essa analogia, confesso, mas é possível que alguma mulher não goste da comparação. Ou que a potranca, se falar pudesse, relinchasse indignada ao se ver comparada a uma...mulher?!
Cadê o IBAMA que não se pronuncia?
Imagino o Tony Ramos, paradigma de seres cabeludos, ao ser informado de que é desrespeito as piadas que fazem com seu natural vison...
Cego agora é portador de deficiência visual. Surdo, portador de deficiência auditiva. Sinceramente? Prefiro ser diabética a "portadora de necessidades especiais"...
Aliás, voltando ao parágrafo inicial, jogadores de futebol são todos negros? Ou seriam, antes, peludos? Ou, ainda, enormes? Ou atletas? Ou sensíveis a ponto de se arriscarem contra toda sorte de perigos para salvar a amada?
E ficar com loiras é sinal de status, ou de estupidez? Ou ambos? Afinal, o macaco é burro, ou um afortunado?
Enquanto morena, estou pensando em me revoltar contra essa onda dos homens preferirem as loiras!
O politicamente correto tem lá suas razões, é certo, mas não poderá nunca abafar as diferenças que existem (e gracias por isso) entre as etnias. Entre os seres vivos. Entre o morro e o asfalto. Entre o futebol e o basquete, entre o mocassim e o tênis (e onde é que eu fui socialmente incorreta nessas afirmações, heim? Quantas leituras serão possíveis nessa frase?).
Pelamordedeus! Sejamos menos radicais, mais leves, mais bem humorados. Chamar alguém de "negão" não é desrespeito. De canalha, é. Chamar de "maluco", como a gíria, não é desrespeito. De "corrupto", é.
Não são necessariamente as palavras que ofendem, mas o tom com que são proferidas. Até "boazinha", de acordo com o contexto, pode ser ofensivo.
Será que a anta vai se ofender se eu citar seu nome em vão?!