5 de agosto de 2009

Dói em mim...


Estou lendo um livro bem interessante e que recomendo àqueles curiosos em entender as mudanças pelas quais a raça humana passa em seu trajeto rumo à extinção: "O Show do Eu"(Nova Fronteira, 2008), da professora e pesquisadora da UFF, Paula Sibilia. Como o nome indica, ele trata da Internet enquanto um fenômeno sócio-psicológico, um espaço onde nós todos, usuários constantes, blogueiros, twitteiros, orkuteiros e que tais, nos expomos e, de certa forma, nos (re)construimos, gerando assim "um verdadeiro festival de vidas privadas que se oferecem despudoradamente aos olhares do mundo inteiro".

Se no século XIX o verbo de ordem era o "ser", o século XX trouxe uma nova revelação e o "ter" se tornou o grande barato humano.
E esse novo tempo que se avizinha, esse século XXI, ela diz, traz a grande novidade: nem o "ser", nem o "ter", mas o "parecer".

Não me aterei a discorrer sobre o conteúdo do livro, até porque estou apenas começando a leitura, mas deixo aqui alguns dados que me surpreenderam bastante e que dão o que pensar:

-Em números absolutos, o Brasil é o 5o. país no mundo cujos habitantes acessam de algum modo a Internet (40 milhões de pessoas).
-Os blogues começaram a aparecer no finzinho dos anos 90 e, quatro anos depois, mais ou menos em 2004, já existiam 3 milhões ao redor do planeta. Em 2005 já eram 11 milhões. Atualmente, somos uma turminha de 100 milhões de blogueiros, cifra que aumenta em 3 a cada 2 segundos!!
-O Youtube recebe 100 milhões de visitantes por dia, que assistem 70 mil videos por minuto.

Não lhes parece angustiante? Ou, antes, não frustra saber que, ao mesmo tempo em que nunca foi tão fácil acessar tantos conteúdos, tantas histórias, tantas imagens, paradoxalmente nunca conseguiremos dar conta de nem um milionésimo dessas possibilidades de conhecimento?

Não rola a amarga sensação de estarmos perdendo o melhor da festa?