6 de novembro de 2009

Me ufano de Caetano, sim!

E eis que novamente Caetano Veloso ocupa as primeiras páginas dos jornais e cruza oceanos, chegando até a blogs de além-mar. Suas opiniões sempre soam retumbantes e incomodam. Nossa, como incomodam! Quando se mete a falar de política, então...

Seja a discorrer sobre Lula, bananas, ou Woody Allen, é impressionante a capacidade que esse homem tem de chamar atenção, ou melhor, de atrair a atenção. Praticamente uma Madonna dos trópicos...

Mas já passei da fase de reclamar que ele fala demais. Agora, eu relaxo. E gozo. Mais pela polêmica e pelo frison que provoca, do que propriamente pelo que diz- apesar de que fatalmente me pego, no mínimo, pensando seriamente em suas palavras e, muitas vezes, concordando veementemente.

Enfim, esse post aqui é só para lembrar rapidamente aos críticos ferozes e implacáveis, aqueles que misturam as opiniões do homem com seu fazer artístico, que Caetano é genial, sim, basta que revisitem sua obra para constatar. Respeitem, pois, os cabelos brancos desse recém-nascido velho que há mais de 40 anos nos brinda com as músicas mais lindas, os poemas mais doces e os pensamentos mais concretos...

Abaixo, à título de ilustração, uma música que sempre me emociona, composta em homenagem a seu pai e a Mick Jagger.

(E aqui me despeço. Meu tchauzinho. So long, até a volta de um fim de semana a la campagne).


O Homem Velho
(Caetano Veloso)

O homem velho deixa a vida e morte para trás
Cabeça a prumo, segue rumo e nunca, nunca mais
O grande espelho que é o mundo ousaria refletir os seus sinais
O homem velho é o rei dos animais

A solidão agora é sólida, uma pedra ao sol
As linhas do destino nas mãos a mão apagou
Ele já tem a alma saturada de poesia, soul e rock’n’roll
As coisas migram e ele serve de farol

A carne, a arte arde, a tarde cai
No abismo das esquinas
A brisa leve traz o olor fulgaz
Do sexo das meninas

Luz fria, seus cabelos têm tristeza de néon
Belezas, dores e alegrias passam sem um som
Eu vejo o homem velho rindo numa curva do caminho de Hebron
E ao seu olhar tudo que é cor muda de tom

Os filhos, filmes, ditos, livros como um vendaval
Espalham-no além da ilusão do seu ser pessoal
Mas ele dói e brilha único, indivíduo, maravilha sem igual
Já tem coragem de saber que é imortal