2 de fevereiro de 2010

Arghvatar...



Olha, sei que serei crucificada, mas fui assistir Avatar e, tirando a over dose de belas, realmente incríveis, imagens, não vi nada demais no filme.

Pra começar, é cansativo. O roteiro, fraco em óvias mensagens e citações (Sigourney Weaver, por exemplo, atriz que amo, no papel de cientista defensora das lindas e fofas azuis criaturas é um link mais que direto com todos aqueles Aliens por ela estrelados) me fez dar bons cochilos durante as três horas de duração da coisa.


Agora, que a projeção em 3D é tudo de bom, lá isso é. E Cameron, o diretor, soube tirar proveito disso. A floresta onde se passa a trama dos terríveis-americanos-que-querem-destruir-a-natureza-e-seus-adoráveis-habitantes é uma viagem lisérgica, cheia de coloridos, de profundidades, de pássaros, árvores monumentais e bichos estranhos e ferozes, porém submissos às tais "criaturas azuis" que, apesar de serem "do bem", não vacilam na hora de dominá-los, compensando a falha com sua ternura (oh) e sua reza (oh!) na hora de apunhalá-los no coração (buáááá).

E a batalha final? Putz, já não aguentava mais tanta música grandiloquente, tanto tiro, tantas máquinas superpoderosas, tanto barulho, tanta edição e tantas câmeras em rápidos movimentos (um primor a produção, de verdade).

O filme é tão superlativo que empalidece a causa ecológica, muito tatibitati: o homem mau que quer destruir o mundo bom. Os bons selvagens contra a máquina capitalista, saca? Aquele discurso antigo e raso, mas que sempre cola e emociona.

Sinceramente, acho a vida real trocentas vezes mais emocionante: quando vou a Búzios, por exemplo (vide post lá embaixo)e vejo o mal acontecendo em cada morro destruído, em cada bromélia em extinção trocada por palmeirinhas "de Miami". Ou quando vou ao nordeste e vejo aquelas plantações de cana tão enormes, tão gigantescas que os olhos já nem vislumbram o final, dominando a paisagem como avatar nenhum pode conceber.

É, a ficção não tá mais dando conta da realidade, muito mais brutal, mesmo que sem trilha sonora...

Foi uma de lambuja









Lá no blog do Pedro Ramúcio, ao lado linkado como "Canto Geral do Brasil (e outros cantos)", reclamei, meio que de brincadeira, meio que a sério, de que em uma lista de poetas preferidos, ele só tenha citado nomes de homens: Rosa, Nelson Rodrigues (?!), Drumond e Pessoa. "Tá faltando mulher aí", disse eu.
Ao concordar comigo, propôs-me completar com outros três, esses de mulheres, para compor a plêiade de sete nomes.
A ela, então, pois que não sou mulher de negar desafios, mesmo que assim...simplesmente:

Se me atiras o Rosa, Pedro, a ti retribuo com Florbela
mas se tratas de Drumond, remeto-me à goiana Coralina.
E para completar a lista, pena que curtíssima,
Levo o Pessoa
para deixar-te com a Hilda, e, também, Ana Cristina.

(e, comigo, a poesia ficou nua)