
Olha, sei que serei crucificada, mas fui assistir Avatar e, tirando a over dose de belas, realmente incríveis, imagens, não vi nada demais no filme.
Pra começar, é cansativo. O roteiro, fraco em óvias mensagens e citações (Sigourney Weaver, por exemplo, atriz que amo, no papel de cientista defensora das lindas e fofas azuis criaturas é um link mais que direto com todos aqueles Aliens por ela estrelados) me fez dar bons cochilos durante as três horas de duração da coisa.

Agora, que a projeção em 3D é tudo de bom, lá isso é. E Cameron, o diretor, soube tirar proveito disso. A floresta onde se passa a trama dos terríveis-americanos-que-querem-destruir-a-natureza-e-seus-adoráveis-habitantes é uma viagem lisérgica, cheia de coloridos, de profundidades, de pássaros, árvores monumentais e bichos estranhos e ferozes, porém submissos às tais "criaturas azuis" que, apesar de serem "do bem", não vacilam na hora de dominá-los, compensando a falha com sua ternura (oh) e sua reza (oh!) na hora de apunhalá-los no coração (buáááá).
E a batalha final? Putz, já não aguentava mais tanta música grandiloquente, tanto tiro, tantas máquinas superpoderosas, tanto barulho, tanta edição e tantas câmeras em rápidos movimentos (um primor a produção, de verdade).
O filme é tão superlativo que empalidece a causa ecológica, muito tatibitati: o homem mau que quer destruir o mundo bom. Os bons selvagens contra a máquina capitalista, saca? Aquele discurso antigo e raso, mas que sempre cola e emociona.
Sinceramente, acho a vida real trocentas vezes mais emocionante: quando vou a Búzios, por exemplo (vide post lá embaixo)e vejo o mal acontecendo em cada morro destruído, em cada bromélia em extinção trocada por palmeirinhas "de Miami". Ou quando vou ao nordeste e vejo aquelas plantações de cana tão enormes, tão gigantescas que os olhos já nem vislumbram o final, dominando a paisagem como avatar nenhum pode conceber.
É, a ficção não tá mais dando conta da realidade, muito mais brutal, mesmo que sem trilha sonora...