21 de agosto de 2009

Derrame

Gosto de palavras.
De sons e palavras.
De sons de palavras
De palavras em som...

Trissílabas. Monossílabas.
Gosto de quebra
De para/digmas.

De várzea, rastro e borboleta
Gosto da palavra concreta
Da palavra porreta
que envolve qual manta.
Monta, tonta, tantra
Gosto de Mantra.
E do sabor de saber
da liga que rima com imã:
Você.

18 de agosto de 2009

Sterlac

Sterlac é um artista/performer/cientista/pensador australiano que intriga por sua postura quase filosófica de encarar e traduzir a contemporaneidade.
Para além de artista plástico, Sterlac pensa a nova relação corpo-tecnologia, psiquê-biologia, para chegar ao pós-humano, um espaço onde as distinções metafíscas (alma e corpo) se deixam ultrapassar pela preocupação com as novas possibilidades de construção corporal - corpo esse, segundo o próprio, já absolutamente obsoleto.



Transformação, essa é a nova palavra de ordem. Cyborg, esse é o novo Homem que se avizinha. Liberdade total e irrestrita, o novo paradigma para que possamos assumir a propriedade do que temos de mais nosso: o corpo.
A questão que Sterlac coloca (e provoca...) é tão simples, quanto pirante: "O CORPO DEVE IRROMPER DE SEUS LIMITES BIOLÓGICOS, CULTURAIS E PLANETÁRIOS. A LIBERDADE FUNDAMENTAL É A POSSIBILIDADE DOS INDIVÍDUOS PODEREM DETERMINAR O DESTINO DE SEU PRÓPRIO DNA".
E, pensando bem, estamos realmente vivenciando a aurora desses tempos, quando nosso frágil corpinho pele-carne-osso não mais será suficiente para carregar a quantidade de informação a que temos direito. Se os velhos marca-passos já revolucionaram ao controlar os batimentos cardíacos "naturais", o que dizer de todas as próteses, transplantes, implantes, membros artificiais?



Imaginemos o mundo daqui há...50 anos? 70 anos? Facilmente consigo pensar em chips cerebrais, em um homem com quatro braços, em teletransporte, telepatia internéctica. A informação implantada em nossa mente, uma hiper-ligação entre o pensamento e o Google. Nem os Jetsons foram tão longe...
Abaixo, a performance (?) mais polêmica de Sterlac: custou-lhe dez anos até encontrar um cirurgião que concordasse, mas finalmente ele conseguiu implantar uma orelha em seu braço. O objetivo final é o de colocar um microfone ligado a um transmissor bluetooth de modo que a orelha implantada transmita o que o braço "ouve", via Internet, para quem se interessar possa.
Achei genial. Louco, e genial.

17 de agosto de 2009

CallmeKat

Ainda ouviremos falar da dinamarquesa Katrine Ottosen, o elo perdido entre Bjork e Suzane Vega. Uma grata descoberta nesses mares sonoros virtuais.
Acendam velas, um bom vinho tinto também cai bem.
Enjoy...

14 de agosto de 2009

Assim, sim.

Há alguns dias deparei-me com o video abaixo. Achei graça, simpático e tal, mas não pensei em postá-lo. Por essas casualidades (será?)da vida, encontrei-o novamente num outro blog e aí, sim, dada as informações obtidas então, e como linka com o livro sobre o qual comentei ali embaixo à respeito da Internet, decidi-me a compartilhar o dito:



A brincadeira rendeu nada menos do que 12 milhões de acessos!!! Não bastasse isso, os protagonistas ainda se transformaram em notícia, e reproduziram a performance num programa de tv (os interessados podem procurar no Youtube "Jill and Kevin's").
O mais engraçado, porém, fica por conta do video a seguir: a interpretação da fatídica hora do divórcio.
Está lançada, pois, a idéia para futuros nubentes ansiosos por celebrizarem o sim, e o fim, de seu amor...

13 de agosto de 2009

Que rufem os tambores!

Finalmente descoberto o mausoléu de Michael Jackson...



Nas areias escaldantes de Copacabana!

7 de agosto de 2009

Só, a rima



Me encontrei assim...vazia
Nem rock, nem sinfonia.
Vinho sem rosca
Aranha sem mosca
Só...e andorinha.

E até que foi normal esse dia:
malhação, depilação,
Tédio e paralisia.
Mais para cicuta
Do que caipirinha.

6 de agosto de 2009

Vagabunda, eu?!

Essa abaixo é a pop banda inglesa Pulp, apenas recentemente, confesso, descoberta por mim...
Será delírio meu, ou há ecos de Lou, Iggy e Bowie pairando no ar desses acordes tão raivosos, quanto líricos?



Já há alguns anos que seu mentor, Jarvis Cocker, está em carreira solo. Compartilho, aqui, meu novo amor (impressionante a capacidade elástica de minhas paixões!).

5 de agosto de 2009

Dói em mim...


Estou lendo um livro bem interessante e que recomendo àqueles curiosos em entender as mudanças pelas quais a raça humana passa em seu trajeto rumo à extinção: "O Show do Eu"(Nova Fronteira, 2008), da professora e pesquisadora da UFF, Paula Sibilia. Como o nome indica, ele trata da Internet enquanto um fenômeno sócio-psicológico, um espaço onde nós todos, usuários constantes, blogueiros, twitteiros, orkuteiros e que tais, nos expomos e, de certa forma, nos (re)construimos, gerando assim "um verdadeiro festival de vidas privadas que se oferecem despudoradamente aos olhares do mundo inteiro".

Se no século XIX o verbo de ordem era o "ser", o século XX trouxe uma nova revelação e o "ter" se tornou o grande barato humano.
E esse novo tempo que se avizinha, esse século XXI, ela diz, traz a grande novidade: nem o "ser", nem o "ter", mas o "parecer".

Não me aterei a discorrer sobre o conteúdo do livro, até porque estou apenas começando a leitura, mas deixo aqui alguns dados que me surpreenderam bastante e que dão o que pensar:

-Em números absolutos, o Brasil é o 5o. país no mundo cujos habitantes acessam de algum modo a Internet (40 milhões de pessoas).
-Os blogues começaram a aparecer no finzinho dos anos 90 e, quatro anos depois, mais ou menos em 2004, já existiam 3 milhões ao redor do planeta. Em 2005 já eram 11 milhões. Atualmente, somos uma turminha de 100 milhões de blogueiros, cifra que aumenta em 3 a cada 2 segundos!!
-O Youtube recebe 100 milhões de visitantes por dia, que assistem 70 mil videos por minuto.

Não lhes parece angustiante? Ou, antes, não frustra saber que, ao mesmo tempo em que nunca foi tão fácil acessar tantos conteúdos, tantas histórias, tantas imagens, paradoxalmente nunca conseguiremos dar conta de nem um milionésimo dessas possibilidades de conhecimento?

Não rola a amarga sensação de estarmos perdendo o melhor da festa?

2 de agosto de 2009

Cristo salva?

Em que pese a utilidade dos credos e das crendices para quem Acredita, fico aqui no meu cantinho só observando as mazelas que se vive em nome do Senhor.
Ao sair do trabalho outro dia, encontrei alguns seguidores de alguma seita/corrente/congregação(?), cristã com certeza, que saem pelas ruas da Lapa vestidos com túnica marrom amarrada na cintura, velhos chinelos franciscanos, cabelos (muito mal)cortados bem rente, olhar tipo "esgazeado" (sempre quis usar essa palavra! Nem sei se é a exata para o momento, mas foi a que me ocorreu).

Alguns muito jovens, imagino que em torno de seus 20 anos, eles até se prestam a nobres serviços, tipo fazer a higiene dos mendigos que pululam na área e, eu os segui por alguns instantes só por curiosidade, no supermercado dizem coisas como "o senhor é bom", ou "o senhor é grande" a cada pedaço de mortadela ou saco de pão que compravam.

Opção não se discute, ok, cada um sabe a dor e a delícia etc etc, mas o que será que se passa na cabeça dessas quase crianças para optarem por um tipo de vida de segregação? Ao se imputarem semi-andrajos como vestimenta, a não vaidade absoluta, ao se relacionarem na intimidade apenas com seus iguais, não estariam elas também indo contra a...ahn...vida que "o Senhor", afinal, para o bem, ou para o mal, nos deu condição de criar?

Estudei em colégio de freiras, algumas à moda antiga, e várias vezes me surpreendeu uma certa "maldadezinha" que nos chegava em forma de castigos, de absurdos como o de dizer a uma criança que se comesse o sal do fundo do saquinho de pipoca o xixi ia sangrar!! Culpa, sempre ela. Culpa por ser mulher e menstruar, culpa por ter dinheiro, culpa por ser bagunceira, culpa por gostar de dançar, culpa por querer dar beijo na boca...Culpa por estar viva, caralho!

Não é sem motivos que não gosto de religiões e das vilanias que se comete em nome de Deus.
E foi com absoluta convicção que, ao me formar pela Pontifícia Universidade Católica, coloquei na lapela um bottom onde estava escrito "I Survived a Catholic School".