1 de novembro de 2009

Êta domingão...

Chove. Nada mais domingo do que um domingo de chuva. E com essa baita gripe que me domina então...
Vagando por esses mares virtuais, cheguei a um blog que me mostrou o jovem e genial pianista inglês Jamie Cullum tocando Radiohead, a banda que, como já disse em outro post lá embaixo, me cativa nesse início secular:



Dali, imediatamente recuperei na memória pianística o pernambucano gracinha Vitor Araújo, enorme talento que brilha no alto de seus 21 anos, que também curte Radiohead e que é capaz de fazer loucas fusões entre o rock, o baião e o que mais lhe der na telha.
Até que tá valendo esse super domingão...

Acreditar, enfim?

Fazer Ciência é uma das poucas capacidades do ser humano que ainda me comovem positivamente (uma outra é o fazer artístico).
Recebi as fotos abaixo, via e-mail, de um primo médico. São do interior do corpo humano e foram tiradas por um super-hiper microscópio capaz de detalhar tamanhos variáveis entre um e cinco nanômetros. Pense que um nanômetro equivale a um bilionésimo de milímetro! Putz.
Abaixo, alguns desses exemplos em que fica difícil definir o que é Corpo, o que é Arte.
(ai, que vontade de acreditar em Deus...)


células vermelhas


células cancerosas no pulmão


alvéolos do pulmão sadio


óvulo fertilizado e espermatozóides remanescentes

Considerações na madrugada




Nessa semana uma amiga me recomendou, sem muito entusiasmo, o filme "Quem quer ser um milionário", de Danny Boyle (vide "Transpoting" e "Cova Rasa"): "interessante", ela disse, "mas não entendi bem sobre o que ele trata", completou em reticências.

Acabei de assistí-lo agora e, ainda sob seu impacto, resolvi tentar colocar nessas linhas que seguem algumas considerações ainda não muito analisadas, mas que pululam alvoroçadas vagando entre risos e lágrimas...

Respondendo à minha amiga, poderia dizer que esse filme trata sobre a Índia, e não estaria mentindo: as lentes corajosas do diretor desfraldam um país famoso por sua natureza de cartão postal, por sua religião, arquitetura e História, mas imerso em loucas contradições bastante conhecidas por nós aqui na terrinha; conseguem rimar fome com violência, abandono com intolerância, para construir um poema por sobre as cinzas da escrotidão humana e pintar 24 quadros por segundo com todas as cores da pobreza terceiro mundista.

Poderia ainda dizer que trata sobre o Amor. Sobre um sentimento ali forjado na cumplicidade e na inocência da infância e que resiste à realidade e aos percalços do imponderável. E como são imensos os amores que no filme se renovam! Amor de irmãos, amor de mosqueteiros, amor de um homem por uma mulher. Amor por um sonho, por uma saudade.

Mas não diria, à despeito do título, que trate sobre a ganância, nem sobre desejos de riqueza. Absolutamente não. Nenhum personagem no filme é deslumbrado pela possibilidade de se tornar milionário, e os poucos endinheirados que por ali aparecem são uns infelizes coadjuvantes, sem nenhuma relevância outra que não a de servir como "escada" para nossos heróis involuntários.

Mas talvez a melhor palavra para definir "Quem quer ser..." seja "esperança". É, acho que é um fime sobre isso, sobre esse sentimento tão comprometido e clichê que insiste em nos levar à frente na eterna busca por algo em que possamos acreditar, em algo pelo que possamos lutar. Não foi à toa que falei em "amor de mosqueteiro" lá em cima. E não é à toa que esses 3, 4 ou 5 fiéis e bravos defensores de um longíquo rei francês são a grande metáfora do filme, seu grande lite-motiv, e que acabem por fechá-lo com uma enorme e brilhante chave de ouro.