21 de fevereiro de 2010

Tecnologia, simplicidade, raiva, Etiópia...

Há alguns dias recebi um e-mail com uma matéria sobre "augmented reality" (AR), assim mesmo, em inglês, que me aguçou os pensamentos sobre "a vida no porvir". Já tinha ouvido sobre a coisa, até visto algumas toscas representações, mas fui atrás de maiores detalhes que aqui reproduzo para aqueles que ainda não estão familiarizados com a engenhoca:

"Realidade Aumentada" é uma tecnologia que reconhece, por meio de software específico, uma determinada marca que, captada por sensores, cria um cenário 3D que modifica os objetos de acordo com os movimentos gerados em mundo real.

Para encurtar o assunto, é quando trazemos para a vida real elementos do mundo virtual, em tempo real. No momento presente, isso se dá através de uma superfície onde há um símbolo estampado. Colocados na frente de uma webcam, ou de um celular, surge ali, na tela, uma figura, um objeto tridimencional, com o qual interagimos como num game. Abaixo um exemplo simplinho, mas que ajuda a visualizar:



É claro que a publicidade já se apoderou da técnica, embora eu não tenha notícias da onda AR já ter chegado com força aqui em terras tupiniquins. Olhem só o tênis que a Adidas lançou...



Mesmo que ainda não se tenha explorado todos os caminhos possíveis de utilizarmos a AR, é-me fácil perceber e adivinhar que o caminho de sua popularização será rapida e criativamente percorrido em todas as searas do Humano, como Educação, Moda, Ciências, Arquitetura, nas próprias interações pessoais.

Mas isso tudo acima posto foi detonado pela vontade em compartilhar a tatuagem em AR que me encantou: para o bem, ou para o mal a prova cabal de que num futuro próximo poderemos ter marcas pelo corpo enviando mensagens para quem tiver esse ou aquele dispositivo compatível para traduzí-las/vê-las. O corpo será, literalmente, a mensagem. E o meio.



E logo após esse e-mail cibernético que me fez vibrar com as novas descobertas tecnológicas ampliando as possibilidades humanas, eis que me chega um outro que, ao mesmo tempo em que enlevou pela beleza e graça de uma simplicidade que a História resguardou, me remeteu ao velho, profundo e paradoxal ódio dessa estúpida raça humana e sua necessidade em destruir o que nos resta de naturalmente belo no mundo: fotos de Hans Silvester na Etiópia, mais precisamente em Omo Valley, de tribos que serão em breve eliminadas do mapa porque em seu milenar habitat será construída uma gigantesca hidrelétrica.



Será a capacidade do Homem em Criar diretamente proporcional à sua sanha destrutiva? O que será que nos restará ao frigir dos ovos?