18 de agosto de 2009

Sterlac

Sterlac é um artista/performer/cientista/pensador australiano que intriga por sua postura quase filosófica de encarar e traduzir a contemporaneidade.
Para além de artista plástico, Sterlac pensa a nova relação corpo-tecnologia, psiquê-biologia, para chegar ao pós-humano, um espaço onde as distinções metafíscas (alma e corpo) se deixam ultrapassar pela preocupação com as novas possibilidades de construção corporal - corpo esse, segundo o próprio, já absolutamente obsoleto.



Transformação, essa é a nova palavra de ordem. Cyborg, esse é o novo Homem que se avizinha. Liberdade total e irrestrita, o novo paradigma para que possamos assumir a propriedade do que temos de mais nosso: o corpo.
A questão que Sterlac coloca (e provoca...) é tão simples, quanto pirante: "O CORPO DEVE IRROMPER DE SEUS LIMITES BIOLÓGICOS, CULTURAIS E PLANETÁRIOS. A LIBERDADE FUNDAMENTAL É A POSSIBILIDADE DOS INDIVÍDUOS PODEREM DETERMINAR O DESTINO DE SEU PRÓPRIO DNA".
E, pensando bem, estamos realmente vivenciando a aurora desses tempos, quando nosso frágil corpinho pele-carne-osso não mais será suficiente para carregar a quantidade de informação a que temos direito. Se os velhos marca-passos já revolucionaram ao controlar os batimentos cardíacos "naturais", o que dizer de todas as próteses, transplantes, implantes, membros artificiais?



Imaginemos o mundo daqui há...50 anos? 70 anos? Facilmente consigo pensar em chips cerebrais, em um homem com quatro braços, em teletransporte, telepatia internéctica. A informação implantada em nossa mente, uma hiper-ligação entre o pensamento e o Google. Nem os Jetsons foram tão longe...
Abaixo, a performance (?) mais polêmica de Sterlac: custou-lhe dez anos até encontrar um cirurgião que concordasse, mas finalmente ele conseguiu implantar uma orelha em seu braço. O objetivo final é o de colocar um microfone ligado a um transmissor bluetooth de modo que a orelha implantada transmita o que o braço "ouve", via Internet, para quem se interessar possa.
Achei genial. Louco, e genial.