24 de julho de 2013
14 de julho de 2010
30 de junho de 2010
7 de abril de 2010
27 de fevereiro de 2010
Pra você, imã da madrugada...
Cada vez mais me pego só. Me pego além. Me pego outra.
E o blues, sempre lá. Sempre mais, sempre outro.
As coisas falam por si.
E por mim.
Quem Me Olha Só
Barão Vermelho
Composição: Frejat e Lobão
Já reguei quase todas as plantas
Já chorei sobre todo o jardim
Elas gostam da chuva que molha
Elas pensam que o sol é ruim
Quando o sol nos meus olhos brilhava
Por amar minha flor tanto assim
Fui feliz sem saber que secava
A rosa e trazia o seu fim
Hoje sente dó, quem me olha só
Entre flores, folhas e capim
Elas gostam da chuva que molha
Se alimentam do mal que há em mim
Hoje sente dó, quem me olha só
Eu tenho o carinho dos espinhos
Hoje sente dó quem me olha sozinho
Hoje sente dó, quem me olha só
Eu tenho os espinhos do carinho
Hoje sente dó quem me olha sozinho
E o blues, sempre lá. Sempre mais, sempre outro.
As coisas falam por si.
E por mim.
Quem Me Olha Só
Barão Vermelho
Composição: Frejat e Lobão
Já reguei quase todas as plantas
Já chorei sobre todo o jardim
Elas gostam da chuva que molha
Elas pensam que o sol é ruim
Quando o sol nos meus olhos brilhava
Por amar minha flor tanto assim
Fui feliz sem saber que secava
A rosa e trazia o seu fim
Hoje sente dó, quem me olha só
Entre flores, folhas e capim
Elas gostam da chuva que molha
Se alimentam do mal que há em mim
Hoje sente dó, quem me olha só
Eu tenho o carinho dos espinhos
Hoje sente dó quem me olha sozinho
Hoje sente dó, quem me olha só
Eu tenho os espinhos do carinho
Hoje sente dó quem me olha sozinho
24 de fevereiro de 2010
Viva Angola!
Meu ex-chefe e "mentor", carrasco e amigo querido, carioca por vocação, Ricardo Soares, do Todo Prosa ali ao lado linkado, está em Angola a trabalhar (aproveito para recomendar uma visita a seu blog, já que ele tem escrito muito sobre o país e o faz com charme e olhares bem pessoais).
Enfim, Ricardo está em terras d'África e hoje, especialmente, bateu saudades daquele grande Urso: tive que fazer uma rápida pesquisa sobre Angola, mais especificamente sobre música, e, ao fazê-lo, fiquei imaginando como será a vida num país destroçado por uma terrível guerra civil que durou 27 anos, mas que tem música e literatura de primeira. Um país que renasce agora graças ao petróleo e aos diamantes, mas constrói uma burguesia que promete ser tão "pequena" quanto a nossa, como já indicou o escritor Pepetela em seu livro O Predador e como comprova o Fundo Monetário Internacional: mais de US$ 4 bilhões teriam sumido da tesouraria de Angola nessa primeira década de 2000.
Impressão minha ou essa informação soa familiar?
Enfim, deixo aqui de presente, em homenagem a todas as pessoas que passam e marcam nossas vidas, uma cantora que, se não é angolana, tem o sangue d'África colonial a lhe correr pelas veias: Cesária Évora, num video delicioso, cantando...Angola.
É pra você, Ricardito...E viva nossos irmãos africanos!
Angola
Cesaria Evora
Composição: Ramiro Mendes
Ess vida sabe qu'nhôs ta vivê
Parodia dia e note manché
Sem maca ma cu sabura
Angola angola
Oi qu'povo sabe
Ami nhos ca ta matá-me
'M bem cu hora pa'me ba nha caminho
Ess convivência dess nhôs vivência
Paciência dum consequência
Resistência dum estravagância
Enfim, Ricardo está em terras d'África e hoje, especialmente, bateu saudades daquele grande Urso: tive que fazer uma rápida pesquisa sobre Angola, mais especificamente sobre música, e, ao fazê-lo, fiquei imaginando como será a vida num país destroçado por uma terrível guerra civil que durou 27 anos, mas que tem música e literatura de primeira. Um país que renasce agora graças ao petróleo e aos diamantes, mas constrói uma burguesia que promete ser tão "pequena" quanto a nossa, como já indicou o escritor Pepetela em seu livro O Predador e como comprova o Fundo Monetário Internacional: mais de US$ 4 bilhões teriam sumido da tesouraria de Angola nessa primeira década de 2000.
Impressão minha ou essa informação soa familiar?
Enfim, deixo aqui de presente, em homenagem a todas as pessoas que passam e marcam nossas vidas, uma cantora que, se não é angolana, tem o sangue d'África colonial a lhe correr pelas veias: Cesária Évora, num video delicioso, cantando...Angola.
É pra você, Ricardito...E viva nossos irmãos africanos!
Angola
Cesaria Evora
Composição: Ramiro Mendes
Ess vida sabe qu'nhôs ta vivê
Parodia dia e note manché
Sem maca ma cu sabura
Angola angola
Oi qu'povo sabe
Ami nhos ca ta matá-me
'M bem cu hora pa'me ba nha caminho
Ess convivência dess nhôs vivência
Paciência dum consequência
Resistência dum estravagância
21 de fevereiro de 2010
Tecnologia, simplicidade, raiva, Etiópia...
Há alguns dias recebi um e-mail com uma matéria sobre "augmented reality" (AR), assim mesmo, em inglês, que me aguçou os pensamentos sobre "a vida no porvir". Já tinha ouvido sobre a coisa, até visto algumas toscas representações, mas fui atrás de maiores detalhes que aqui reproduzo para aqueles que ainda não estão familiarizados com a engenhoca:
"Realidade Aumentada" é uma tecnologia que reconhece, por meio de software específico, uma determinada marca que, captada por sensores, cria um cenário 3D que modifica os objetos de acordo com os movimentos gerados em mundo real.
Para encurtar o assunto, é quando trazemos para a vida real elementos do mundo virtual, em tempo real. No momento presente, isso se dá através de uma superfície onde há um símbolo estampado. Colocados na frente de uma webcam, ou de um celular, surge ali, na tela, uma figura, um objeto tridimencional, com o qual interagimos como num game. Abaixo um exemplo simplinho, mas que ajuda a visualizar:
É claro que a publicidade já se apoderou da técnica, embora eu não tenha notícias da onda AR já ter chegado com força aqui em terras tupiniquins. Olhem só o tênis que a Adidas lançou...
Mesmo que ainda não se tenha explorado todos os caminhos possíveis de utilizarmos a AR, é-me fácil perceber e adivinhar que o caminho de sua popularização será rapida e criativamente percorrido em todas as searas do Humano, como Educação, Moda, Ciências, Arquitetura, nas próprias interações pessoais.
Mas isso tudo acima posto foi detonado pela vontade em compartilhar a tatuagem em AR que me encantou: para o bem, ou para o mal a prova cabal de que num futuro próximo poderemos ter marcas pelo corpo enviando mensagens para quem tiver esse ou aquele dispositivo compatível para traduzí-las/vê-las. O corpo será, literalmente, a mensagem. E o meio.
E logo após esse e-mail cibernético que me fez vibrar com as novas descobertas tecnológicas ampliando as possibilidades humanas, eis que me chega um outro que, ao mesmo tempo em que enlevou pela beleza e graça de uma simplicidade que a História resguardou, me remeteu ao velho, profundo e paradoxal ódio dessa estúpida raça humana e sua necessidade em destruir o que nos resta de naturalmente belo no mundo: fotos de Hans Silvester na Etiópia, mais precisamente em Omo Valley, de tribos que serão em breve eliminadas do mapa porque em seu milenar habitat será construída uma gigantesca hidrelétrica.
Será a capacidade do Homem em Criar diretamente proporcional à sua sanha destrutiva? O que será que nos restará ao frigir dos ovos?
"Realidade Aumentada" é uma tecnologia que reconhece, por meio de software específico, uma determinada marca que, captada por sensores, cria um cenário 3D que modifica os objetos de acordo com os movimentos gerados em mundo real.
Para encurtar o assunto, é quando trazemos para a vida real elementos do mundo virtual, em tempo real. No momento presente, isso se dá através de uma superfície onde há um símbolo estampado. Colocados na frente de uma webcam, ou de um celular, surge ali, na tela, uma figura, um objeto tridimencional, com o qual interagimos como num game. Abaixo um exemplo simplinho, mas que ajuda a visualizar:
É claro que a publicidade já se apoderou da técnica, embora eu não tenha notícias da onda AR já ter chegado com força aqui em terras tupiniquins. Olhem só o tênis que a Adidas lançou...
Mesmo que ainda não se tenha explorado todos os caminhos possíveis de utilizarmos a AR, é-me fácil perceber e adivinhar que o caminho de sua popularização será rapida e criativamente percorrido em todas as searas do Humano, como Educação, Moda, Ciências, Arquitetura, nas próprias interações pessoais.
Mas isso tudo acima posto foi detonado pela vontade em compartilhar a tatuagem em AR que me encantou: para o bem, ou para o mal a prova cabal de que num futuro próximo poderemos ter marcas pelo corpo enviando mensagens para quem tiver esse ou aquele dispositivo compatível para traduzí-las/vê-las. O corpo será, literalmente, a mensagem. E o meio.
E logo após esse e-mail cibernético que me fez vibrar com as novas descobertas tecnológicas ampliando as possibilidades humanas, eis que me chega um outro que, ao mesmo tempo em que enlevou pela beleza e graça de uma simplicidade que a História resguardou, me remeteu ao velho, profundo e paradoxal ódio dessa estúpida raça humana e sua necessidade em destruir o que nos resta de naturalmente belo no mundo: fotos de Hans Silvester na Etiópia, mais precisamente em Omo Valley, de tribos que serão em breve eliminadas do mapa porque em seu milenar habitat será construída uma gigantesca hidrelétrica.
Será a capacidade do Homem em Criar diretamente proporcional à sua sanha destrutiva? O que será que nos restará ao frigir dos ovos?
16 de fevereiro de 2010
E lá se foi o Carnaval...
Acabou o Carnaval! Graças a Deus...Estou exausta depois de 4 dias de folia e muita cerveja para manter o corpo hidratado (êta desculpinha vagabunda, sô!). Bom, a bem da verdade, não "carnavalizei" nesses quatro dias, apenas 2, mas foram de cansar qualquer atleta.
Tirei fotos, menos do que pretendia, e coloco algumas aqui para amigos que estão longe e para aqueles que se interessarem pela manifestação mais alegre que já vivi na vida: pelas ruas da cidade, mais de 500 blocos desfilaram (um recorde) e arrastaram milhares de pessoas divertidas e encaloradas, sem que nenhuma grande confusão, além de enormes engarrafamentos, fosse registrada.
Em várias ocasiões cheguei a me emocionar com a alegria desse povo que amo e que tem sido mal tratado pelo descaso da classe política. Povo criativo, musical, que tem a felicidade estampada no DNA, e que se tivesse um décimo das oportunidades de educação e cultura que encontramos no chamado "1o. mundo", provavelmente dominaria a Terra espalhando muito confete e serpentina!
As quatro fotos abaixo foram tiradas na Lapa, antes e durante a passagem do bloco Carioca da Gema que, além de um caminhão de som fenomenal, contava com os luxuosos e afinadíssimos gogós de Moyseis Marques e Tereza Cristina, dois bambas do samba descobertos na noite desse bairro de centenária vocação para boemia...Um luxo só.
Já essas outras eu tirei no meu bloco predileto: Cordão do Boitatá, que toma as ruas do centro da cidade no domingo pela manhã. É onde encontramos as fantasias mais engraçadas. Nesse ano, segui também o Cordão do Boi Tolo, no mesmo local e hora, um bloco formado por foliões que, há cerca de 5 anos, chegaram atrasados ao Boitatá e resolveram sair assim mesmo, com poucas pessoas, para não perder a viagem. Hoje ambos dividem o espaço bem democraticamente e chegam a se confundir. É o tal do espírito "vamos nos divertir, galera!", que impera durante o carnaval.
I
love
this
town!!
Tirei fotos, menos do que pretendia, e coloco algumas aqui para amigos que estão longe e para aqueles que se interessarem pela manifestação mais alegre que já vivi na vida: pelas ruas da cidade, mais de 500 blocos desfilaram (um recorde) e arrastaram milhares de pessoas divertidas e encaloradas, sem que nenhuma grande confusão, além de enormes engarrafamentos, fosse registrada.
Em várias ocasiões cheguei a me emocionar com a alegria desse povo que amo e que tem sido mal tratado pelo descaso da classe política. Povo criativo, musical, que tem a felicidade estampada no DNA, e que se tivesse um décimo das oportunidades de educação e cultura que encontramos no chamado "1o. mundo", provavelmente dominaria a Terra espalhando muito confete e serpentina!
As quatro fotos abaixo foram tiradas na Lapa, antes e durante a passagem do bloco Carioca da Gema que, além de um caminhão de som fenomenal, contava com os luxuosos e afinadíssimos gogós de Moyseis Marques e Tereza Cristina, dois bambas do samba descobertos na noite desse bairro de centenária vocação para boemia...Um luxo só.
Já essas outras eu tirei no meu bloco predileto: Cordão do Boitatá, que toma as ruas do centro da cidade no domingo pela manhã. É onde encontramos as fantasias mais engraçadas. Nesse ano, segui também o Cordão do Boi Tolo, no mesmo local e hora, um bloco formado por foliões que, há cerca de 5 anos, chegaram atrasados ao Boitatá e resolveram sair assim mesmo, com poucas pessoas, para não perder a viagem. Hoje ambos dividem o espaço bem democraticamente e chegam a se confundir. É o tal do espírito "vamos nos divertir, galera!", que impera durante o carnaval.
I
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town!!
11 de fevereiro de 2010
O Rio de Janeiro continua lindo...e quente!!!!!!
E eis que a cidade maravilhosa é considerada oficialmente a 2a. cidade mais quente do planeta, perdendo apenas para Ada,em Gana, na África. A sensação térmica no centro do Rio foi, ontem, de 46,3 graus, contra 46,5 na cidade africana.
Fonte: O Dia
Mas, como o carioca sempre consegue dar um driblezinho nas adversidades, surge uma nova modalidade de combate ao calor: a praia noturna. Com as águas relativamente frescas, o metrô chegando até a Pça. General Osório (o coração da zona sul) e o por do sol digno de uma pintura impressionista, as areias de Ipanema têm ficado lotadas até cerca de 23h. O máximo dos máximos.
Fotos de Marcos Arcoverde
Abaixo, algumas piadinhas referentes ao calor que vem assando a cidade:
-Receita agora é assim: (…) Leve ao Rio de Janeiro para assar por cerca de 20 minutos...
-O Rio de Janeiro só tem duas estações no ano: Verão e Inferno.
-Comprei um sorvete de chocolate aqui no Rio de Janeiro , e ele virou chocolale quente em segundos.
-Campanha "RJ Solidário": doe 15 graus para NY.
-Que tal mudarmos o nome da cidade para "Córrego de Janeiro"? Porque com esse calor, não há rio que aguente.
-O centro da terra é um vulcão que desemboca no Rio.
-Até o fogo do sol vem passar as férias no Rio.
-Frente fria no Rio só dá pra sentir quando o corpo está molhado em frente ao ar condicionado.
J'ADORE...!
Fonte: O Dia
Mas, como o carioca sempre consegue dar um driblezinho nas adversidades, surge uma nova modalidade de combate ao calor: a praia noturna. Com as águas relativamente frescas, o metrô chegando até a Pça. General Osório (o coração da zona sul) e o por do sol digno de uma pintura impressionista, as areias de Ipanema têm ficado lotadas até cerca de 23h. O máximo dos máximos.
Fotos de Marcos Arcoverde
Abaixo, algumas piadinhas referentes ao calor que vem assando a cidade:
-Receita agora é assim: (…) Leve ao Rio de Janeiro para assar por cerca de 20 minutos...
-O Rio de Janeiro só tem duas estações no ano: Verão e Inferno.
-Comprei um sorvete de chocolate aqui no Rio de Janeiro , e ele virou chocolale quente em segundos.
-Campanha "RJ Solidário": doe 15 graus para NY.
-Que tal mudarmos o nome da cidade para "Córrego de Janeiro"? Porque com esse calor, não há rio que aguente.
-O centro da terra é um vulcão que desemboca no Rio.
-Até o fogo do sol vem passar as férias no Rio.
-Frente fria no Rio só dá pra sentir quando o corpo está molhado em frente ao ar condicionado.
J'ADORE...!
Os sapos também amam!
Nesses dias momescos em que baixa em mim o espírito de uma alegre e saltitante pereca (apesar de alguns poucos insensíveis confundirem com um papagaio!), como prova a foto lá no post abaixo, calou-me fundo esse video recebido de uma amiga amante de batráqueos em geral: os sapos, afinal, são amorosos!
Nunca mais olharei para uma pereca da mesma forma...
Nunca mais olharei para uma pereca da mesma forma...
7 de fevereiro de 2010
Foi dada a largada!
No ano passado passei incólume pelo carnaval: meu pai estava doente e eu, sem ânimo para folias e estrepolias momescas.
Mas pressinto que "esse ano não vai ser igual àquele que passou...". Se não pelo fato de meu pai estar bem de saúde, pelo rufar dos tambores que já ouvimos não de tão longe e pelo sol e calor inclementes que bronzeiam os corpos, atiçando os sentidos.
E ontem foi, para mim ao menos, a abertura oficial dessa época dionisíaca, com o lançamento da camistea do bloco "Vem Ni Mim que sou Facinha", do qual orgulho-me de participar desde sua fundação há 12 anos e de ser integrante da "ala dos compositores":
Para completar o início da festa, hoje, após alguns anos de ausência, acordei mais cedo para curtir um bloco que vi crescer (éramos apenas uns 300 no início, sambando muito pelas ruas do Jardim Botânico, sem maiores produções do que a irreverência das letras dos sambas e das fantasias) e que nesse ano completa seu jubileu de prata: o Suvaco do Cristo.
Putz! É difícil acreditar que lá se vão 25 anos!!!!! 25 anos em que os 300 do início se transformaram em 50 mil, número suficiente para fechar, literalmente, o bairro nos dias de desfile e formar uma confusão enorme, motivo pelo qual me afastei durante tanto tempo.
Mas hoje compareci. E foi ótimo!! Algumas mudanças, claro: agora o bloco sai pela manhã (o que, é verdade, já dá uma aliviada no número, e na qualidade, dos foliões), tem um enorme caminhão de som, ala de baianas, seguranças por todo lado. Mas o fundamental está ainda lá: a alegria e a irreverência nas letras do samba e nas fantasias.
Abaixo, o registro do inusitado encontro de Obama, Osama e Hugo Chaves; uma turma de garotões fantasiados de panteras cor de rosa que "escalaram" um prédio; nosso ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, tradicional "suvaquense", sambando até não poder mais; alguns avatares animadíssimos e eu, a feliz perereca perdida na folia.
Me diverti horrores. Um bom sinal de que o carnaval promete...
Mas pressinto que "esse ano não vai ser igual àquele que passou...". Se não pelo fato de meu pai estar bem de saúde, pelo rufar dos tambores que já ouvimos não de tão longe e pelo sol e calor inclementes que bronzeiam os corpos, atiçando os sentidos.
E ontem foi, para mim ao menos, a abertura oficial dessa época dionisíaca, com o lançamento da camistea do bloco "Vem Ni Mim que sou Facinha", do qual orgulho-me de participar desde sua fundação há 12 anos e de ser integrante da "ala dos compositores":
Para completar o início da festa, hoje, após alguns anos de ausência, acordei mais cedo para curtir um bloco que vi crescer (éramos apenas uns 300 no início, sambando muito pelas ruas do Jardim Botânico, sem maiores produções do que a irreverência das letras dos sambas e das fantasias) e que nesse ano completa seu jubileu de prata: o Suvaco do Cristo.
Putz! É difícil acreditar que lá se vão 25 anos!!!!! 25 anos em que os 300 do início se transformaram em 50 mil, número suficiente para fechar, literalmente, o bairro nos dias de desfile e formar uma confusão enorme, motivo pelo qual me afastei durante tanto tempo.
Mas hoje compareci. E foi ótimo!! Algumas mudanças, claro: agora o bloco sai pela manhã (o que, é verdade, já dá uma aliviada no número, e na qualidade, dos foliões), tem um enorme caminhão de som, ala de baianas, seguranças por todo lado. Mas o fundamental está ainda lá: a alegria e a irreverência nas letras do samba e nas fantasias.
Abaixo, o registro do inusitado encontro de Obama, Osama e Hugo Chaves; uma turma de garotões fantasiados de panteras cor de rosa que "escalaram" um prédio; nosso ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, tradicional "suvaquense", sambando até não poder mais; alguns avatares animadíssimos e eu, a feliz perereca perdida na folia.
Me diverti horrores. Um bom sinal de que o carnaval promete...
4 de fevereiro de 2010
Centenário!!!!
E eis que chego à centena de posts! Mal posso acreditar...Quando comecei a escrever por aqui, toda insegura, incentivada pelo Ricardo Soares do Todo Prosa, provavelmente já cansado, então, de me ter tão ativamente palpiteira em seu espaço, achava que não daria conta de ter tanto assunto, tanto o que dizer e compartilhar com pessoas tão diversas, tão "desconhecidas".
Mas tomei gosto pela coisa e descobri que o Universo conspira para a Comunicação. Descobri que encontramos, nessa louca Rede de letrinhas, olhos e ouvidos a fim de saber o que se passa em outras conecções, interessados que são em Trocas, no Outro.
Uma tremenda experiência, esta.
Deu-me mais auto confiança ser visitada por vocês, receber seus comentários, ver meus palpites acatados e respeitados. De verdade.
E cresci mais também, aprendi muito visitando seus blogs, alguns até d'além mar. Recebi notícias, compartilhei alegrias e desventuras, soube de "fofocas", me deliciei com fotos, ouvi músicas, conheci poetas e assisti a videos que me comoveram.
Não seria isso uma (nova) forma de Amizade?
Mara*, Pinguim, Edu, Bebum, Ramúcio, Mr. Red, Silvana, Bárbara, alguns amigos conhecidos "in natura", e outros que me escapam nesse momento, mas que volta e meia me dão o prazer da visita, vocês me alimentam, seja com suas presenças aqui no Gentil, seja com seus espaços virtuais para onde sempre retorno cheia de curiosidade para ver a mais recente postagem.
Obrigada, meus mais recentes queridos, por existirem e por compartilharem essa existência.
Deixo, então, aqui, sanguessuga virtual que me acostumei a ser, uma descoberta musical vinda diretamente do Pintando Música, da Mara*, ali ao lado linkado, que julgo eloquente o suficiente para exemplificar o que, para mim, é a máxima dos blogs (e balsas, como prefere o Edu Campos): "cada um na sua, mas com alguma coisa em comum"...
E até o post 101!
2 de fevereiro de 2010
Arghvatar...
Olha, sei que serei crucificada, mas fui assistir Avatar e, tirando a over dose de belas, realmente incríveis, imagens, não vi nada demais no filme.
Pra começar, é cansativo. O roteiro, fraco em óvias mensagens e citações (Sigourney Weaver, por exemplo, atriz que amo, no papel de cientista defensora das lindas e fofas azuis criaturas é um link mais que direto com todos aqueles Aliens por ela estrelados) me fez dar bons cochilos durante as três horas de duração da coisa.
Agora, que a projeção em 3D é tudo de bom, lá isso é. E Cameron, o diretor, soube tirar proveito disso. A floresta onde se passa a trama dos terríveis-americanos-que-querem-destruir-a-natureza-e-seus-adoráveis-habitantes é uma viagem lisérgica, cheia de coloridos, de profundidades, de pássaros, árvores monumentais e bichos estranhos e ferozes, porém submissos às tais "criaturas azuis" que, apesar de serem "do bem", não vacilam na hora de dominá-los, compensando a falha com sua ternura (oh) e sua reza (oh!) na hora de apunhalá-los no coração (buáááá).
E a batalha final? Putz, já não aguentava mais tanta música grandiloquente, tanto tiro, tantas máquinas superpoderosas, tanto barulho, tanta edição e tantas câmeras em rápidos movimentos (um primor a produção, de verdade).
O filme é tão superlativo que empalidece a causa ecológica, muito tatibitati: o homem mau que quer destruir o mundo bom. Os bons selvagens contra a máquina capitalista, saca? Aquele discurso antigo e raso, mas que sempre cola e emociona.
Sinceramente, acho a vida real trocentas vezes mais emocionante: quando vou a Búzios, por exemplo (vide post lá embaixo)e vejo o mal acontecendo em cada morro destruído, em cada bromélia em extinção trocada por palmeirinhas "de Miami". Ou quando vou ao nordeste e vejo aquelas plantações de cana tão enormes, tão gigantescas que os olhos já nem vislumbram o final, dominando a paisagem como avatar nenhum pode conceber.
É, a ficção não tá mais dando conta da realidade, muito mais brutal, mesmo que sem trilha sonora...
Foi uma de lambuja
Lá no blog do Pedro Ramúcio, ao lado linkado como "Canto Geral do Brasil (e outros cantos)", reclamei, meio que de brincadeira, meio que a sério, de que em uma lista de poetas preferidos, ele só tenha citado nomes de homens: Rosa, Nelson Rodrigues (?!), Drumond e Pessoa. "Tá faltando mulher aí", disse eu.
Ao concordar comigo, propôs-me completar com outros três, esses de mulheres, para compor a plêiade de sete nomes.
A ela, então, pois que não sou mulher de negar desafios, mesmo que assim...simplesmente:
Se me atiras o Rosa, Pedro, a ti retribuo com Florbela
mas se tratas de Drumond, remeto-me à goiana Coralina.
E para completar a lista, pena que curtíssima,
Levo o Pessoa
para deixar-te com a Hilda, e, também, Ana Cristina.
(e, comigo, a poesia ficou nua)
30 de janeiro de 2010
Liberdade ainda que à tardinha
Passada a história trágica de minha relação com a Oi/ Velox - relação essa já fadada ao divórcio litigioso e sobre a qual resolvi poupar vossa paciência de maiores detalhes - deixo nessa madrugada meio bêbada um video quase antigo, que pretendia postar há mais de uma semana e que adorei quando vi.
À despeito de todos os transtornos e problemas que nossos aeroportos têm causado (e passado), uma luz no fim da pista nos dá a pista para a continuidade da cidade do Rio de Janeiro como um porto de alegrias e surpresas: o humor. O HUMOR!!!
É preciso rir. E dançar. E comemorar qualquer coisa que valha a pena, espocar mil champanhes - cachaças também, e sobretudo - suavizar a levada diária, sacar a surrealidade da existência, a impossibilidade do nexo, a urgência do samba.
E, portugueses que me dão a honra e o prazer da visita, obrigada por vossa participação nesse...ahn...eloquente e fundamental episódio.
Obs: para os desavisados, o dia dessa performance era o aniversário da "cidade maravilha da beleza e do caos", atualmente mais para o "caos" do que para a "beleza", mas, ainda assim, para mim sempre maravilhosa.
À despeito de todos os transtornos e problemas que nossos aeroportos têm causado (e passado), uma luz no fim da pista nos dá a pista para a continuidade da cidade do Rio de Janeiro como um porto de alegrias e surpresas: o humor. O HUMOR!!!
É preciso rir. E dançar. E comemorar qualquer coisa que valha a pena, espocar mil champanhes - cachaças também, e sobretudo - suavizar a levada diária, sacar a surrealidade da existência, a impossibilidade do nexo, a urgência do samba.
E, portugueses que me dão a honra e o prazer da visita, obrigada por vossa participação nesse...ahn...eloquente e fundamental episódio.
Obs: para os desavisados, o dia dessa performance era o aniversário da "cidade maravilha da beleza e do caos", atualmente mais para o "caos" do que para a "beleza", mas, ainda assim, para mim sempre maravilhosa.
27 de janeiro de 2010
Sorry...
Amigos da Rede, mil perdões pelo sumiço. Estou sem Internet em casa há 7 dias graças à extrema competência da Oi/Velox que me deixou de plantão 5 vezes e não apareceu para atualizar a velocidade do meu modem.
Já me esfalfei, esperneei, ameacei, xinguei, até que, agora, relaxei ante a deliciosa expectativa de um processo em cima deles (advogado já devidamente acionado e marcado).
Voltarei assim que a CIA. cumprir o prometido e (re)ligar minha conexão.
beijos a todos
Já me esfalfei, esperneei, ameacei, xinguei, até que, agora, relaxei ante a deliciosa expectativa de um processo em cima deles (advogado já devidamente acionado e marcado).
Voltarei assim que a CIA. cumprir o prometido e (re)ligar minha conexão.
beijos a todos
18 de janeiro de 2010
Imagina se a moda volta...
Olhem só essa pérola! Uma delícia que dá o que pensar, inclusive que os cochabrandores deboxados e desrespeitosos contemporâneos devem agradecer aos céus pelas mudanças de costumes...
OBS: na época do fato magistralmente descrito abaixo (período da Regência), o ministro da justiça era Diogo Antonio Feijó (Padre Feijó), que poucos anos depois seria eleito regente único.
Como se tratava o estupro em 1833
SENTENÇA JUDICIAL DATADA DE 1833
Provincia de Sergipe
ipsis litteres, ipsis verbis! -
PROVINCIA DE SERGIPE
o adjunto de promotor público, representando contra o cabra Manoel Duda, porque no dia 11 do mês de Nossa Senhora de Sant'Ana, quando a mulher do Xico Bento ia para a fonte, já perto dela, o supracitado cabra, que estava de em uma moita de mata, sahiu della de supetão e fez proposta à dita mulher, por quem queria para coisa que não se pode trazer a lume, e como ella se recuzasse, o dito cabra abrafolou-se dela, deitou-a no chão, deixando as encomendas della de fora e ao Deus dará. Elle não conseguiu matrimônio porque ella gritou e veio em amparo della Nocreto Correia e Noberto Barbosa, que prenderam o cujo em flagrante. Dizem as leises que duas testemunhas que assistam a qualquer naufrágio do sucesso fazem prova.
CONSIDERO
QUE o cabra Manoel Duda agrediu a mulher de Xico Bento para conxambrar com ela e fazer chumbregâncias, coisas que só marido della competia conxambrar, porque
casados pelo regime da Santa Igreja Cathólica Romana;
QUE o cabra Manoel Duda é um suplicante deboxado que nunca soube respeitar as famílias de suas vizinhas, tanto que quiz também fazer conxambranas com a Quiteria e a Clarinha, moças donzellas;
QUE Manoel Duda é um sujeito perigoso e que se não tiver uma cousa que atenue a perigança dele, amanhan está metendo medo até nos homens.
CONDENO
o cabra Manoel Duda, pelo malificio que fez à mulher do Xico Bento, a ser CAPADO, capadura que deverá ser feita a MACETE. A execução desta peça deverá ser feita na
cadeia desta Villa.
Nomeio carrasco o carcereiro.
Cumpra-se e apregue-se editais nos lugares públicos.
Manoel Fernandes dos Santos
Juiz de Direito da Vila de Porto da
Folha Sergipe, 15 de outubro de 1833.
(Fonte: Instituto Histórico de Alagoas.
Cedido pelo Prof. Carlos Alberto Salvatore)
OBS: na época do fato magistralmente descrito abaixo (período da Regência), o ministro da justiça era Diogo Antonio Feijó (Padre Feijó), que poucos anos depois seria eleito regente único.
Como se tratava o estupro em 1833
SENTENÇA JUDICIAL DATADA DE 1833
Provincia de Sergipe
ipsis litteres, ipsis verbis! -
PROVINCIA DE SERGIPE
o adjunto de promotor público, representando contra o cabra Manoel Duda, porque no dia 11 do mês de Nossa Senhora de Sant'Ana, quando a mulher do Xico Bento ia para a fonte, já perto dela, o supracitado cabra, que estava de em uma moita de mata, sahiu della de supetão e fez proposta à dita mulher, por quem queria para coisa que não se pode trazer a lume, e como ella se recuzasse, o dito cabra abrafolou-se dela, deitou-a no chão, deixando as encomendas della de fora e ao Deus dará. Elle não conseguiu matrimônio porque ella gritou e veio em amparo della Nocreto Correia e Noberto Barbosa, que prenderam o cujo em flagrante. Dizem as leises que duas testemunhas que assistam a qualquer naufrágio do sucesso fazem prova.
CONSIDERO
QUE o cabra Manoel Duda agrediu a mulher de Xico Bento para conxambrar com ela e fazer chumbregâncias, coisas que só marido della competia conxambrar, porque
casados pelo regime da Santa Igreja Cathólica Romana;
QUE o cabra Manoel Duda é um suplicante deboxado que nunca soube respeitar as famílias de suas vizinhas, tanto que quiz também fazer conxambranas com a Quiteria e a Clarinha, moças donzellas;
QUE Manoel Duda é um sujeito perigoso e que se não tiver uma cousa que atenue a perigança dele, amanhan está metendo medo até nos homens.
CONDENO
o cabra Manoel Duda, pelo malificio que fez à mulher do Xico Bento, a ser CAPADO, capadura que deverá ser feita a MACETE. A execução desta peça deverá ser feita na
cadeia desta Villa.
Nomeio carrasco o carcereiro.
Cumpra-se e apregue-se editais nos lugares públicos.
Manoel Fernandes dos Santos
Juiz de Direito da Vila de Porto da
Folha Sergipe, 15 de outubro de 1833.
(Fonte: Instituto Histórico de Alagoas.
Cedido pelo Prof. Carlos Alberto Salvatore)
17 de janeiro de 2010
A proliferação das palavras
E por esses caminhos que a Vida nos oferece, volta e meia deparo-me com obras que me tocam fundo, seja através da alma, do humor, da sensibilidade, da estética, ou do conteúdo. E, ladra que sou, assumidamente sanguessuga, volta e meia também chupo sem pudor aquilo que adoraria ter feito e não pude/não consegui/não tive a idéia, ou o talento necessário. É o caso agora.
Já há algum tempo persigo o blog "os nascimentos das palavras", ali ao lado linkado. E é de lá que vem o texto abaixo que, ao me Encantar, me trouxe a vontade de Compartilhar. Um texto em profusões que exige carinho para ser degustado, que nos chega devagarzinho e sorrateiro...
"(e o primeiro e o segundo e depois cada um dos passos, e cada trilha caminhada ou interrompida ou preterida, cada ponte cruzada ou desprezada, as esquinas que não alcancei e aquelas onde titubeei, as estações onde desci e aquelas de onde parti e aquelas que só avistei, os campos que me serviram de caminho ou pouso, paisagem, trabalho ou descanso, os rios por onde naveguei, os rios que me deram de beber, os rios que me levaram a outros rios, as escadas que subi, as escadas que não quis descer, cada centímetro do asfalto das estradas que percorri, cada segundo das esperas pelos trens, e os trens que perdi, as muitas vezes que caí, cada parede que ergui e cada uma em que me apoiei, as rotas que tracei e aquelas que deixei, caminhos, caminhos, caminhos, cada um um caminho que gerou outro e que juntos formaram um só, revoada-caravana-miríade-alcateia-corja-coro-buquê-plêiade-cancioneiro-cordilheira-legião-manada-matilha-ninhada-constelação-saraivada-girândola-panapaná-panapaná-panapaná-panapaná-panapaná de caminhos, e cada um infinitamente solitário e belo em ser um caminho, e juntos infinitamente belos por serem infinitamente belos sozinhos, e todos, e cada um me trouxeram ao aqui, à você, à infinitude, à sua infinitude, à minha infinitude, à sua pele e aos seus olhos, à minha pele e ao meu olhar, e a cada um dos seus rios, risos, pontes, trilhas, estações, escadas, estradas, esquinas, caminhares, os meus caminhares, eu, as minhas pontes e escadas e estradas a mim, e por isso a outras pontes e a outros caminhares, eus, a eu-mosaico de caminhos, a meu não-mosaico de caminhos, a tudo que é mosaico e a tudo o que está fora dele, ao que está ainda distante mas já dentro de mim, aos tentares, aos caíres, aos meus caíres e aos meus levantares, ao meu cair e ao meu levantar no silêncio, ao silêncio, ao meu silêncio, ao meu silêncio que de tão silencioso pare caminhos como os loucos parem loucos em cada olhar, como eu pairo panapaná, pairar, parir, pairamos parires, pairamos pairares, pairar o pairar, pairo e pairo, pairo o parir e o pairar e o partir e o nunca parar (e é por isso que tenho que olhar o mar de frente: não há porto, nunca houve um porto, nem seguro nem inseguro, nunca houve, o que houve foram miragens, mirações, visagens, mas nunca um porto, só miragens nesse deserto que se torna o oceano caso não queiramos aceitar a deriva, aceitar à deriva, derivar-nos da deriva, aceitar a ausência e a finitude dos portos, porque portos pressupõem margens mas há só mar, o mar virgem sem margens, sem portos-pressuposições, sem mesmo trilhas ou escadas ou esquinas ou pontes ou estações ou traçados ou caíres ou levantares ou primeira ou segunda ou até mesmo sem a terceira margem, talvez só o louco oceano céu aberto mar aberto aberto silêncio parir pairar panapaná panapaná panapaná panapaná"
Murilo Hildebrand de Abreu
Thanks a lot, Murilo
Já há algum tempo persigo o blog "os nascimentos das palavras", ali ao lado linkado. E é de lá que vem o texto abaixo que, ao me Encantar, me trouxe a vontade de Compartilhar. Um texto em profusões que exige carinho para ser degustado, que nos chega devagarzinho e sorrateiro...
"(e o primeiro e o segundo e depois cada um dos passos, e cada trilha caminhada ou interrompida ou preterida, cada ponte cruzada ou desprezada, as esquinas que não alcancei e aquelas onde titubeei, as estações onde desci e aquelas de onde parti e aquelas que só avistei, os campos que me serviram de caminho ou pouso, paisagem, trabalho ou descanso, os rios por onde naveguei, os rios que me deram de beber, os rios que me levaram a outros rios, as escadas que subi, as escadas que não quis descer, cada centímetro do asfalto das estradas que percorri, cada segundo das esperas pelos trens, e os trens que perdi, as muitas vezes que caí, cada parede que ergui e cada uma em que me apoiei, as rotas que tracei e aquelas que deixei, caminhos, caminhos, caminhos, cada um um caminho que gerou outro e que juntos formaram um só, revoada-caravana-miríade-alcateia-corja-coro-buquê-plêiade-cancioneiro-cordilheira-legião-manada-matilha-ninhada-constelação-saraivada-girândola-panapaná-panapaná-panapaná-panapaná-panapaná de caminhos, e cada um infinitamente solitário e belo em ser um caminho, e juntos infinitamente belos por serem infinitamente belos sozinhos, e todos, e cada um me trouxeram ao aqui, à você, à infinitude, à sua infinitude, à minha infinitude, à sua pele e aos seus olhos, à minha pele e ao meu olhar, e a cada um dos seus rios, risos, pontes, trilhas, estações, escadas, estradas, esquinas, caminhares, os meus caminhares, eu, as minhas pontes e escadas e estradas a mim, e por isso a outras pontes e a outros caminhares, eus, a eu-mosaico de caminhos, a meu não-mosaico de caminhos, a tudo que é mosaico e a tudo o que está fora dele, ao que está ainda distante mas já dentro de mim, aos tentares, aos caíres, aos meus caíres e aos meus levantares, ao meu cair e ao meu levantar no silêncio, ao silêncio, ao meu silêncio, ao meu silêncio que de tão silencioso pare caminhos como os loucos parem loucos em cada olhar, como eu pairo panapaná, pairar, parir, pairamos parires, pairamos pairares, pairar o pairar, pairo e pairo, pairo o parir e o pairar e o partir e o nunca parar (e é por isso que tenho que olhar o mar de frente: não há porto, nunca houve um porto, nem seguro nem inseguro, nunca houve, o que houve foram miragens, mirações, visagens, mas nunca um porto, só miragens nesse deserto que se torna o oceano caso não queiramos aceitar a deriva, aceitar à deriva, derivar-nos da deriva, aceitar a ausência e a finitude dos portos, porque portos pressupõem margens mas há só mar, o mar virgem sem margens, sem portos-pressuposições, sem mesmo trilhas ou escadas ou esquinas ou pontes ou estações ou traçados ou caíres ou levantares ou primeira ou segunda ou até mesmo sem a terceira margem, talvez só o louco oceano céu aberto mar aberto aberto silêncio parir pairar panapaná panapaná panapaná panapaná"
Murilo Hildebrand de Abreu
Thanks a lot, Murilo
16 de janeiro de 2010
Bodas
Há vinte e cinco anos rolava o Rock'n Rio, o número um.
Lembro que chovia muito e a "cidade do rock" virou um lamaçal só: o terreno era imprópio para tais eventos, as estruturas foram construídas sobre um pântano aterrado.
Sei disso não por ter estado lá, mas por notícias de amigos e da imprensa, já que enquanto o rock rolava solto nas veias lá pelas bandas de Jacarepaguá, o soro rolava pesado nas veias de minha mãe que agonizava no hospital (ela morreria durante a reprise do show de Nina Haggen na manhã do dia 18).
Putz, difícil de acreditar que lá se vão 25 anos!!!!
25 anos durante os quais eu:
engordei, emagreci, açucarei o sangue e continuei na estrada. Me casei, mudei, separei e peguei a estrada. Viajei, voltei, fui embora e acelerei na estrada. Trabalhei, fui demitida, me demiti e a estrada, logo ali. Fiz amigos e aniversários na estrada. Amantes chegaram, alguns eu amei, outros abandonei pela estrada. Chorei muito, ri mais ainda, dancei na pista e...na estrada. Levantei, tropecei, caí e também enterrei meu coração na curva da estrada.
Tinha nuvens e sol - na minha estrada choveu e trovejou. Achei potes de ouro no fim dos arco-íris que coloriram a minha estrada. E, entre pedras e lama, cruzei mares e montanhas.
Das estradas por onde andei, sempre trago Saudades.
Deixo-vos agora, então, na companhia de uma saudosa banda que conheci nessa estrada e que esteve por essas plagas em 1985. Eu, por aqui, pretendo continuar pela estrada afora.
E que seja bem longa.
Lembro que chovia muito e a "cidade do rock" virou um lamaçal só: o terreno era imprópio para tais eventos, as estruturas foram construídas sobre um pântano aterrado.
Sei disso não por ter estado lá, mas por notícias de amigos e da imprensa, já que enquanto o rock rolava solto nas veias lá pelas bandas de Jacarepaguá, o soro rolava pesado nas veias de minha mãe que agonizava no hospital (ela morreria durante a reprise do show de Nina Haggen na manhã do dia 18).
Putz, difícil de acreditar que lá se vão 25 anos!!!!
25 anos durante os quais eu:
engordei, emagreci, açucarei o sangue e continuei na estrada. Me casei, mudei, separei e peguei a estrada. Viajei, voltei, fui embora e acelerei na estrada. Trabalhei, fui demitida, me demiti e a estrada, logo ali. Fiz amigos e aniversários na estrada. Amantes chegaram, alguns eu amei, outros abandonei pela estrada. Chorei muito, ri mais ainda, dancei na pista e...na estrada. Levantei, tropecei, caí e também enterrei meu coração na curva da estrada.
Tinha nuvens e sol - na minha estrada choveu e trovejou. Achei potes de ouro no fim dos arco-íris que coloriram a minha estrada. E, entre pedras e lama, cruzei mares e montanhas.
Das estradas por onde andei, sempre trago Saudades.
Deixo-vos agora, então, na companhia de uma saudosa banda que conheci nessa estrada e que esteve por essas plagas em 1985. Eu, por aqui, pretendo continuar pela estrada afora.
E que seja bem longa.
15 de janeiro de 2010
14 de janeiro de 2010
Ça va sans dire
13 de janeiro de 2010
"Não preciso do fim para chegar"
Manoel de Barros me encanta. Seja pela figura simples de bicho do mato a construir ninhos de versos; seja pelo poeta louco em cujos poros gorjeiam as palavras.
Ele está velho: 93 anos de lápis. Mas parece que não se dá conta (as lesmas e os sapos não tiveram coragem de lhe contar, sabe como são os bichos...educados demais para certas inconfidências)e escreve agora, ainda à mão livre, um novo livro com teor ainda desconhecido que já se confunde com obra prima a "destroncar imagens".
Mas enquanto Sr. Livro não vem, poderemos em breve nos banhar em Barros num documentário que promete ser uma "desbiografia oficial" desse poeta para quem
"poesia é voar para fora da asa": "Só Dez por Cento é Verdade", de Pedro Cézar (o título refere-se a uma frase de MB: "Noventa por cento do que escrevo é invenção. Só dez por cento é mentira").
Esse filme, que conta com a presença corporal e palavrar de Manoel, já nasceu como um marco histórico no universo fílmico-lírico tupiniquim: o mestre que tem pela palavra "a mesma fascinação que a lesma tem pela pedra" tem, também, notória aversão a entrevistas. De acordo com Pedro Cézar, a façanha só foi possível porque, diante da resistência do poeta em aparecer, desistiu da empreitada com um último comentário que o teria desarmado por completo: "Era apenas um sonho..."
As filmagens começaram no dia seguinte do ano de 2008.
Fiquem agora, pois, com uma micro amostra daquele que procura a "palavra que serve na boca de passarinho":
"O mundo meu é pequeno, Senhor.
Tem um rio e um pouco de árvores.
Nossa casa foi feita de costas para o rio.
Formigas recortam roseiras da avó.
Nos fundos do quintal há um menino e suas latas
maravilhosas.
Todas as coisas deste lugar já estão comprometidas
com aves.
Aqui, se o horizonte enrubesce um pouco, os
besouros pensam que estão no incêndio.
Quando o rio está começando um peixe,
Ele me coisa
Ele me rã
Ele me árvore.
(...)
Descobri aos 13 anos que o que me dava prazer nas
leituras não era a beleza das frases, mas a doença delas.
Comuniquei ao Padre Ezequiel, um meu Preceptor, esse gosto esquisito.
Eu pensava que fosse um sujeito escaleno.
- Gostar de fazer defeitos na frase é muito saudável, o Padre me disse.
Ele fez um limpamento em meus receios.
O Padre falou ainda: Manoel, isso não é doença,
pode muito que você carregue para o resto da vida um certo gosto por nadas...
E se riu.
Você não é de bugre? - ele continuou.
Que sim, eu respondi.
Veja que bugre só pega por desvios, não anda em estradas -
Pois é nos desvios que encontra as melhores surpresas e os ariticuns maduros.
Há que apenas saber errar bem o seu idioma.
Esse Padre Ezequiel foi o meu primeiro professor de
gramática."
Mundo Pequeno (fragmentos)
do livro "O Livro das Ignorãças" - ed. Civilização Brasileira.
12 de janeiro de 2010
Domingo al mare...
11 de janeiro de 2010
Há nomes que já nascem predestinados...
"Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui...além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente
Amar! Amar! E não amar ninguém!
Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!
Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!
E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar..."
Florbela Espanca, poeta portuguesa, nasceu assim: Flor Bela. Quis o destino que seu nome se confirmasse...
Amar só por amar: Aqui...além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente
Amar! Amar! E não amar ninguém!
Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!
Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!
E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar..."
Florbela Espanca, poeta portuguesa, nasceu assim: Flor Bela. Quis o destino que seu nome se confirmasse...
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